Consequências de um PPP Incorreto, Incompleto ou Ausente

Um Perfil Profissiográfico Previdenciário que contenha informações incorretas, incompletas ou que simplesmente não seja fornecido pela empresa pode acarretar uma série de consequências negativas, tanto para o trabalhador quanto para o próprio empregador. Este documento não é uma mera formalidade burocrática; sua precisão é vital para a garantia de direitos previdenciários e para o cumprimento de obrigações legais.

Para o trabalhador, a principal e mais grave consequência de um PPP falho é a negativa de benefícios previdenciários, especialmente a aposentadoria especial. O INSS pode considerar o PPP inválido se constatar erros grosseiros, informações insuficientes para caracterizar a exposição a agentes nocivos, ou se o documento não estiver em conformidade com as diretrizes estabelecidas nas Instruções Normativas vigentes (como a IN 128/2022, ou suas antecessoras como a IN 85/2016 etc.). A ausência de informações cruciais, como a correta identificação dos agentes de risco, a intensidade da exposição, a técnica de medição utilizada, ou a descrição inadequada das atividades, pode levar o INSS a não reconhecer o período como especial. Da mesma forma, se o PPP não demonstrar que a exposição aos agentes nocivos ocorreu de forma habitual e permanente, o pedido de enquadramento especial pode ser indeferido.

Para a empresa, a negligência na elaboração, atualização ou fornecimento do PPP também gera riscos. A legislação previdenciária e trabalhista impõe sanções para o descumprimento dessas obrigações. A falta de preenchimento e atualização do PPP, bem como o fornecimento de informações divergentes da realidade laboral, sujeita a empresa a multas administrativas aplicadas pela fiscalização do trabalho ou pela Receita Federal (responsável pela fiscalização das contribuições previdenciárias). Os valores dessas multas podem ser significativos, variando de R$ 636,17 a R$ 63.617,35 pela falta de preenchimento e atualização, conforme previsto no Regulamento da Previdência Social. Com a implementação do PPP eletrônico e sua integração ao eSocial, as infrações que afetam o trabalhador e não estão expressamente cominadas no Art. 283 do RPS podem gerar multas ainda maiores, entre R$ 3.215,07 e R$ 321.505,87. Além das multas, a empresa pode ser responsabilizada em ações judiciais movidas por trabalhadores que se sentirem prejudicados pela incorreção do PPP, podendo ser condenada a retificar o documento e, eventualmente, a pagar indenizações por danos materiais ou morais.  

Portanto, um PPP falho representa um prejuízo direto aos direitos do trabalhador, impedindo ou dificultando o acesso a benefícios importantes, e configura um risco financeiro e legal para a empresa. Essa dupla consequência deveria servir como um forte incentivo para que os empregadores tratem a elaboração do PPP com a máxima diligência e responsabilidade.

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